sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Entrevista



O Bandanos é um dos maiores representantes do Crossover nacional e esse status se fortalece com o lançamento de seu segundo disco “Nobody Brings My Coffin Until I Die”. O bem humorado guitarrista Marcelo Papa conversou com o Arte Metal e falou sobre o novo trabalho, tours e outros lançamentos, além dos planos para 2015.

7 anos separam o debut do segundo trabalho “Nobody Brings My Coffin Until I Die”. Por que tanto tempo entre um full-lenght e outro?
Marcelo Papa: Na verdade lançamos alguns Splits nessa fase. Não ficamos parados. Esse é nosso lado Punk! Piramos em Splits e sempre achamos uma boa forma de apresentar seu som para públicos que talvez não atingiríamos com um full. Sempre tocamos demais. Tivemos duas tours fora do país nesse intervalo (2008 pelo Chile e 2009 pela Europa), além da tour de 10 anos, que rodou o Brasil em 2010. No mesmo ano, trocamos a formação e ai sim nos trancamos para compor o disco, mas sem nunca deixar de fazer shows. O que demorou mais foi a gravação mesmo. Tivemos diversos problemas com o estúdio, depois atrasos de prensagem, confecção da capa (que foi feita pelo artista americano Jeff Gaither). Só nessa brincadeira, perdemos um ano. Banda underground sabe o parto que é lançar algo nos dias de hoje... (risos) Mas a gente não desiste! 

Neste espaço vocês lançaram três splits, sendo que no total a banda possui 5 trabalhos neste formato, incluindo um que saiu depois do segundo álbum, ao lado do Blasthrash. Vocês realmente gostam de splits (risos). Por que optaram por gravar neste formato?

Marcelo Papa: Involuntariamente, já respondi essa pergunta na resposta anterior. (gargalhadas)


E como foi o processo de composição de “Nobody Brings My Coffin Until I Die”? 

Marcelo Papa: Pela primeira vez nós tivemos um home studio para poder compor tudo com calma. Nosso batera tem uma edícula nos fundos de sua casa e ficamos quase um ano trancados, todo fim de semana, até terminarmos 18 sons. Dos 18, escolhemos 13. Fizemos uma demo com esses aplicativos de celular e entramos em estúdio  em setembro de 2013 com quase tudo pronto.


No que você acha que ele se difere dos outros trabalhos, principalmente do debut?

Marcelo Papa: Acho que é inegável que hoje temos muito mais referências pra compor. Digo até que temos referências fora do Metal, Crossover e Punk. Demos mais atenção pra produção também. As músicas estão um pouco mais trampadas, mas não perdemos essa essência suja e irresponsável que é característica do Crossover.


O novo disco parece ser mais variado e versátil, você concorda? Isso foi algo proposital ou fluiu naturalmente?

Marcelo Papa: Sim, concordo! Justamente pelo maior leque de referências que temos hoje. A entrada do Lauro (baixo) e Helder (bateria) também colaborou. O Lauro é um Zé Heavy de primeira e o Helder tem formação em música clássica, toca piano como poucos, nem sei o que ele faz tocando com a gente (risos).


Mesmo com essa variação, as composições são objetivas.

Marcelo Papa: Sim, não me vejo compondo sons mirabolantes, cheios de solos super técnicos. Por mais que a gente sinta uma evolução, continuamos sendo Punks e toscos (risos). Curtimos fazer sons curtos, diretos e objetivos. As bandas de Crossover que  mais curto na vida são aquelas que tem discos curtos, que quando você acaba de escutar, sente vontade de botar o play pra rodar de novo. Na hora de lançar o disco novo, eu estava muito encanado, já que o disco tem 33 minutos no total! Isso pra mim é um record e eu estava temeroso! Nosso primeiro disco tem 23 minutos, aumentou muito! (risos)


As letras cantadas em português abordam temas diversos como rebeldia, sociedade, política... O que vocês tentam passar com elas?

Marcelo Papa: É mais ou menos um reflexo das nossas vidas e de coisas que gostamos. Tem letra que fala de temas pessoais, às vezes de forma subjetiva. Às vezes falamos de reflexos e conseqüências sobre nossas escolhas e opções de vida, por termos escolhido o Punk, o Hardcore , o Metal. Também falamos sobre filmes de terror, sobre bandas dos anos 80, cena e tantas outras coisas. Não temos uma regra fixa pra isso. Nesse disco novo, os temas estão mais sérios. Talvez uma ordem natural de amadurecimento pessoal da banda.


Aliás, em “Nobody Brings My Coffin Until I Die” vocês colocaram as letras traduzidas para o inglês. Com surgiu essa ideia e qual importância da banda em disponibilizá-las neste idioma?

Marcelo Papa: Na verdade, o disco tem dois sons inteiros em inglês. Essa é uma característica nossa. Todo lançamento tem alguma coisa em inglês. Os selos que nos lançam têm boa distribuição lá fora e também por isso, achamos importante. Em outros lançamentos quisemos fazer o mesmo, mas na hora de fechar a arte, víamos que isso encareceria o preço do encarte e conseqüentemente, o preço final de venda do disco. Dessa vez achamos um meio termo e conseguimos. A idéia era ter letras em espanhol também, mas ai viraria uma bíblia (risos). Quem sabe em uma próxima!?



O álbum foi produzido por Ciero e pela banda no tradicional Datribo Studios. Como foi este processo e por que decidiram trabalhar na produção também?

Marcelo Papa: Gravamos 99% das coisas que temos lançado com o Ciero. Ele é um velho amigo, um gênio do Metal. Pegamos uma fase meio complicada do estúdio. Problemas pessoais e estruturais (no meio da gravação uma forte chuva rompeu uma telha e caiu água na mesa de gravação) atrasaram demais as coisas. Um monte de Zé Povinho nos falavam pra sair de lá, pra desistirmos, mas nos mantivemos firmes! Sabíamos que o resultado final seria satisfatório, como sempre! Tivemos dois assistentes de peso na produção: Alex Spike (Zero Vision/Chemical) e André Stuchi (Imminent Chaos) nos deram uma força enorme nas captações. Em todos os lançamentos, nós nos metemos na produção. O espírito “faça você mesmo” nos deixa a vontade pra tentar ajudar da melhor forma e deixar tudo dentro de nosso controle.


E como está a repercussão de “Nobody Brings My Coffin Until I Die”?

Marcelo Papa: Tem sido ótima! Diversas resenhas saíram e sempre com notas muito boas e comentários animadores. Nossa cota de discos que pegamos com a Läjä Rex está no fim e acho que até dezembro já não teremos mais.  Com esse disco agregamos um novo publico pra banda. Vemos caras novas nos shows, misturadas com as dos velhos conhecidos. Isso é muito revigorante.


Como tem sido a recepção às novas músicas nos shows? E como está a agenda da banda?

Marcelo Papa: Ficamos impressionados com as pessoas já cantando e pedindo os sons novos. A internet é foda pra essas coisas. O disco caiu na net na mesma semana que começou a ser vendido. Querendo ou não, isso ajuda muito no clima dos shows. As pessoas já sabem quais são seus sons prediletos e cantam junto com a gente. Nosso merch é honesto, acabam comprando o disco físico depois dos shows. A agenda está lotada. Foram agendados quase 60 shows esse ano. Estamos na reta final da tour. Passamos por boa parte do Brasil e realizamos um velho sonho de poder conhecer lugares que nunca pensamos que iríamos na vida, tudo isso dentro de nosso próprio pais.


Quais os planos para este final de ano e 2015?

Marcelo Papa: Pra 2015, temos em mente a gravação de um EP e tentar voltar a tocar nos lugares mais legais que passamos em 2014. Sabemos exatamente onde voltar, em quem acreditar e o melhor, sabemos também quem são os picaretas e aventureiros que não nos enganam mais! Por sorte, tivemos poucas decepções nessa tour longa. Não dá pra encher uma mão. Levando em conta que foram quase 60 shows agendados, isso acaba soando como lucro. Ano que vem também é hora de voltar pra Europa e estamos planejando uma tour pelos EUA. Vamos ver o que acontece! Queremos tocar até na Lua! Nos vemos nos shows, pessoal!



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